Largar na frente não quer dizer, em nada, garantia de subir no pódio. Bem pelo contrário. Não raro, aquele que desponta e ostenta estar em posição privilegiada, às vezes, acaba por ficar pelo caminho. Uma eleição é sempre algo revelador e, de certa forma, retrata o que é a vida: um caminho cercado pela imprevisibilidade. Não há nada definido nem mesmo estático. O que há, isso sim, é a garantia de que tudo pode sair do controle e surpreender.
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O fato é que uma eleição municipal não se decide pela quantidade de partidos coligados e, muitos menos, por ter um expressivo número de candidatos a vereador. Ou, ainda, tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral. Nada disso importa à população.
Um pleito municipal, tão peculiar e nervoso, é marcado por um único comportamento: gostar ou não do candidato.
QUESTÕES MENORES
Infelizmente, questões como currículo político, realizações (seja em um governo ou mandato), trânsito político (seja no Estado ou em Brasília) pouco ou nada contribuem para decidir o quão habilitado um candidato está para figurar em uma vaga de segundo turno.
Se o eleitor "bate o olho" no candidato, e há uma reciprocidade, é o que basta para que o postulante figure como um provável escolhido pelo votante. Deveria importar e ser o fiel da balança o plano de governo do candidato. Ali, está materializada toda intenção dele para a sociedade que ele se propõe a colocar em prática.
A eleição municipal destoa de qualquer disputa pelo caráter único. É um pleito em que o envolvimento de todos, mesmo que digam que não gostem da política, mostra-se mais perceptível.
O eleitor deve ficar atento também na veiculação de pesquisas - sem registro junto ao TSE - e que, dias antes do pleito, surgem para confundir e induzir o eleitor.
DIFERENÇAS
Em Santa Maria, há quatro candidatos que estão unidos contra um lado só: mostrar que há dois nomes governistas que, no entendimento da oposição, são a mesma coisa.
Já os dois governistas estão, como é possível ver nos últimos programas da propaganda eleitoral, digladiando-se para deixar evidenciado que há uma abissal diferença entre eles.
Ao contrário do que pensam alguns políticos e assessores, o eleitor tem um pragmatismo muito peculiar: ele não faz, muitas vezes, essa diferenciação do candidato. Há apenas uma escolha amparada em um entendimento: a de que o candidato escolhido é, naquele momento, o melhor para a cidade.
Santa Maria está frente à possibilidade real de uma disputa, novamente, em dois turnos. O que não se imagina é que algum dos postulantes consiga a façanha de obter 50% mais um dos votos válidos. Porém, como a política é supreendente, não se pode descartar o fator surpresa.